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Arquitetos: STUDIO_LPP
- Área: 75 m²
- Ano: 2024
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Fotografias:Francisco Ascensão

Descrição enviada pela equipe de projeto. O lote com cerca de 200m2, encontra-se cravado entre outros vários lotes construídos com habitações modestas, num pequeno lugar chamado Catribana, a 1km da linha de costa Atlântica, nesta enorme várzea que se estende para norte da Serra de Sintra.
Uma ruína, já sem telhado e sem grande passado, terá guardado cabras e outros animais. A nós chegou-nos um muro em alvenaria de pedra sobreposta que limitava e encerrava o lote a norte. Aceitámos este limite, mas afastámo-nos dele o suficiente, 2 a 3 metros, para que o transverso da casa pudesse ser iluminado e ventilado, criando uma espécie de pátio que resguarda vistas do exterior.

À terceira tentativa, com duas versões de licenciamento rejeitadas por falta de "enquadramento arquitetónico", resolvemos aceitar a obrigação de cobertura inclinada, de duas águas iguais e com revestimento a telha "lusa". Esta imposição foi, então, o mote para a definição do projeto - o desenho de uma cobertura, que conseguisse construir todo o espaço interior, caracterizando-o e amparando-o nas suas várias funções: estar, dormir, comer e higiene. Por baixo desta cobertura definimos uns planos de alvenaria de 7cm de espessura, que, sem lhe tocarem, determinam os subespaços necessários ao habitar.


O cliente, amigo de outros assuntos, já vive sozinho há alguns anos e este exercício foi também a exploração dessa intimidade, numa prática onde se dispensam quase todos os anteparos e objetos/ materiais de conforto que temos como certos numa casa: portas, tetos, armários, estuques, madeiras, etc.

Explorámos também o desnivelamento do plano horizontal, posicionando os 3 assuntos principais desta construção em 3 níveis: o jardim de entrada à cota pré-existente, a casa, 40cm acima, e o pátio norte a mais 40cm da casa. Deste modo, em dias de céu limpo (o que é raro por aqui) conseguimos ganhar a vista da Serra de Sintra por cima dos telhados vizinhos.


Falta falar das matérias que constroem tudo isto, por condicionalismos económicos e de adaptação à mão de obra local já selecionada antecipadamente, optou-se por um sistema corrente de construção. Estrutura de betão revestida a alvenaria com isolamento pelo exterior. Os planos "horizontais", chão e cobertura, são deixados à vista em betão e os planos verticais, paredes interiores e exteriores, são barradas com uma única matéria – argamassa de cal natural que, ao longo do dia e dos dias, vai variando de cor.

No interior, a zona de confeção e higiene é construída em pedra mármore rosa numa sobreposição de peças que constroem prateleiras, bancadas, cabine de duche e wc. Também de assemblagem surgem os envidraçados, espécie de "artefacto", em caixilho de alumínio, sobreposto ao plano interior das paredes que gere todo o encerramento da casa. Os alçados acabaram por ser o resultado das aberturas entendidas como necessárias aos espaços interiores e do acerto matemático necessário ao funcionamento do "artefacto".








